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Governo do Ceará apresenta proposta indecente em Seminário com docentes

23 de Fevereiro de 2014 às 21:23:41

Docentes da Uece e governo do estado participaram de Seminário na segunda e terça-feira (17 e 18), como parte do acordo feito entre governo e o movimento docente das três universidades estaduais cearences para suspensão da greve em janeiro deste ano

Como parte do acordo feito entre governo e o movimento docente das três universidades estaduais cearences - Uece, UVA e Urca - para suspensão da greve em janeiro deste ano, e que teve início em novembro de 2013, o Seminário "O papel da Uece no desenvolvimento do Estado do Ceará" reuniu, na segunda e terça-feira (17 e 18), docentes e o governador do Ceará, Cid Ferreira Gomes, que participou de três das cinco mesas temáticas previstas na programação.

De acordo com o Sinduece, Seção Sindical do ANDES-SN, o governador expressou uma visão acerca da Universidade Estadual do Ceará (Uece) que pode ser caracterizada a partir de sua proposta sobre a reparticipação do tempo dos professores dedicado ao ensino, à pesquisa, à extensão e à gestão.

Gomes propôs um cálculo simples e linear: 60% de horas para o ensino de graduação e os restantes 40% para pesquisa, extensão e gestão, e que as atividades de ensino fossem divididas da seguinte forma: duas horas para aula e uma hora para planejamento e correção de avaliações. "Por esta proposta, um professor com regime de trabalho de 40 horas semanais teria a seguinte distribuição de seu tempo: 16 horas em aula (quatro disciplinas de quatro créditos) mais oito horas de planejamento e o restante do tempo (16 horas) seria dedicado à pesquisa, à extensão e à gestão. A ideia do governador é clara: 1. obrigar os docentes a se dedicaram o máximo possível às salas de aula; 2. diminuir o tempo de planejamento e correção de avaliações; 3. reduzir o tempo dedicado à pesquisa, à extensão e à gestão", explica o professor da Uece Epitácio Macário, no site da Seção Sindical.

Se implementada, a proposta terá três impactos imediatos: intensificação do trabalho docente por meio da redução das horas destinadas ao planejamento de aulas e à correção de avaliações; drástica retração das atividades de pesquisa, extensão e gestão a cargo de docentes; e, óbvio, diminuição da demanda de concurso para professor nas universidades estaduais.

"Em perspectiva, todavia, a proposta do senhor Cid Gomes teria impactos dramáticos sobre toda a universidade, com prejuízos inauditos para os ainda frágeis pilares da produção de novos conhecimentos (por meio da pesquisa) e da interação com a comunidade nas atividades extensionistas. Mais que isto: a ideia de aumentar o tempo de ensino vem colada à de redução em 50% do tempo para planejar aulas, produzir material pedagógico e corrigir trabalhos e provas. Desnecessário dizer que isto atenta contra a qualidade das aulas e, por extensão, do ensino", afirma o Sinduece, que acrescenta: "a vontade do governador contrasta com sólidos procedimentos sedimentados na cultura acadêmica brasileira, inclusive nas melhores universidades privadas. E, ademais, confronta o princípio da indissociabilidade do ensino, da pesquisa e da extensão cravado na Constituição Federal e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional".

* Com edição do ANDES-SN

Fonte: Sinduece - Seção Sindical