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É ano de eleições para Governador, portanto é momento de prometer novamente o curso de MEDICINA para Guarapuava. Desta vez parece que sai, mas o anúncio do secretário da SETI de que o modelo a ser adotado é

25 de Fevereiro de 2014 às 17:20:06

Toda a comunidade universitária da UNICENTRO entende a importância da implantação do curso de medicina em nossa região. Entretanto, controlando a empolgação inicial e fazendo uso da racionalidade, a comunidade deve fazer algumas ponderações antes de soltar rojões.

Desde o Governo Jaime Lerner, se tornou tradição em ano eleitoral, Guarapuava receber a promessa de instalação de um curso de Medicina. O assunto, pela sua importância, sempre se mostrou eficaz para acalorar os debates eleitorais e polarizar algumas disputas. Jaime Lerner se utilizou desta estratégia, depois Requião e agora, Beto Richa. A promessa geralmente ganha contornos de que falta pouco para ser resolvida quando se trata de períodos pré-reeleitorais, mas também para alavancar a candidatura do sucessor, como Lerner fez em 2002.

Mas tomara seja para valer mesmo. Afinal, o debate ganhou novos atores e o cenário conta com a entrada do Governo Federal quando reconhece haver necessidade de se implantar um curso na região centro-sul do Paraná. Não somente Guarapuava, mas o Programa Mais Médicos também contemplou Pato Branco, Foz e Curitiba. No caso de Guarapuava, duas instituições de ensino superior privadas se candidataram ao edital. Os hospitais onde os estudantes fariam residência são o Santa Tereza e São Vicente. Porém, a UNICENTRO é uma instituição estadual e, para oferta de vagas, é necessária autorização do Governo do Paraná, bem como de avaliação do Conselho Nacional de Saúde. A matéria publicada na Gazeta do Povo, nesta edição de domingo (23) não traz a informação de que os governos do Estado e Federal estejam dialogando. Neste sentido cabe um questionamento: O governo federal irá preterir as Faculdades Guairacá e Campo Real e optar pela UNICENTRO? Mesmo que a UNICENTRO não tenha disputado o Edital do Programa Mais Médicos? Parece improvável.

Ainda cabe considerar que tanto o governo federal, quanto o estadual possam investir cada um em seu próprio curso de medicina. Se isto ocorrer, tanto o Governador Beto Richa como sua provável oponente, a Senadora Gleisi Hoffman, teriam uma plataforma para disputar os votos dos confiantes eleitores de Guarapuava.

Neste cenário podemos contemplar a perspectiva de que Guarapuava terá dois cursos de Medicina. Um pelo Programa Mais Médicos e outro pelo Governo do Estado.

Entretanto, é necessário citar o Decreto n° 5.773/2006 em sua Seção III, Subseção I, Artigo 28, parágrafo 2º que diz: "A criação de cursos de graduação em direito e em medicina, odontologia e psicologia, inclusive em universidades e centros universitários, deverá ser submetida, respectivamente, à manifestação do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil ou do Conselho Nacional de Saúde, previamente à autorização pelo Ministério da Educação. (Redação dada pelo Decreto nº 5.840 de 2006)". Assim cabe o questionamento se o MEC irá aumentar o número de vagas ofertadas para além do que prevê a recente ampliação promovida pelo Programa Mais Médicos.

Modelo da UEPG?

No caso do Governo do Estado viabilizar seu próprio curso de Medicina e realizar significativos investimentos na UNICENTRO é importante debater o modelo que se pretende. A fala do Secretário da SETI e ex-Reitor da UEPG, João Carlos Gomes já adianta um cenário de dúvidas e inquietação. Defende ele, a utilização do curso de Medicina da UEPG como modelo. Nada poderia inspirar maiores receios. O curso de Medicina da UEPG tem uma trajetória bastante conturbada e deve-se entender que a UNICENTRO não quer se sujeitar aos mesmos vexames. Certamente não queremos repetir a trajetória do curso da UEPG.

"A história do abre, fecha, abre, paralisa, suspende e abre do curso de medicina da UEPG"

Iniciado em 2009, o curso de Medicina da UEPG carrega uma longa e confusa história. Em 2001, um ano antes de pretender eleger seu sucessor, o atual governador Beto Richa, o ex-governador Jaime Lerner autorizou a criação do curso. O mesmo só começou a funcionar em março de 2003, ano em que os alunos foram para a sala de aula.

O curso mal havia começado em 2003, e o então governador Roberto Requião decretou o fechamento de Medicina na UEPG. Alegou que a criação do curso favoreceu um interesse político e disse que o estado não tinha condições financeiras de bancar o curso.  O investimento seria de R$ 70 milhões, sendo que R$ 52 milhões seriam para a construção de um hospital universitário.

Mesmo com uma liminar invalidando o processo, o curso precisou concluir as atividades em maio de 2003. Parte dos 40 calouros foi transferida para universidades públicas do Paraná, outros desistiram ou aguardaram pela reabertura.

Cinco anos depois, em agosto de 2008, Requião decretou a volta do curso. Com a construção do Hospital Regional, o governador afirmou que Medicina teria a estrutura necessária para recomeçar. No final do mesmo ano, o curso foi incluído no vestibular de verão da UEPG. O primeiro concurso, depois da reabertura, registrou 3.154 inscrições.

O Hospital Regional Wallace Thadeu de Mello e Silva foi inaugurado em março de 2010 com a administração da Secretaria Estadual da Saúde (SESA). Em maio deste ano, o local foi transferido para os cuidados da UEPG, assumindo, enfim, o caráter universitário.

Resolvida a problemática com a construção do Hospital Universitário, outro grave problema passou a ameaçar constantemente a tranquilidade de docentes, estudantes e funcionários.

Em julho de 2012, os estudantes deflagraram mobilizações e protestos em Ponta Grossa. A manifestação dos alunos denunciou a inviabilidade de continuidade do curso por ausência de docentes, já que para o quarto ano do curso faltavam 12 professores. Na maioria das disciplinas não havia professor.

A pressão realizada pelos alunos produziu um efeito positivo, já que o governo do estado nomeou imediatamente 14 professores para o curso, restabelecendo a normalidade por um período e permitindo que a greve estudantil fosse encerrada.

Porém, em 2013 o início do semestre letivo foi adiado por que o governo não contratava docentes.

Em julho de 2013, o Calendário Acadêmico do curso de Medicina foi novamente suspenso por tempo indeterminado. O motivo: a morosidade do Governo do Estado em contratar e nomear docentes que haviam sido aprovados, respectivamente, em um Teste Seletivo, ocorrido neste ano, e em dois concursos públicos realizados em 2010 e 2011. A decisão pela suspensão foi tomada pela Pró-Reitoria de Graduação, em conjunto com o Departamento e a Coordenação do curso que determinou a paralisação.

Hospital Regional

Além disso, pretende-se vincular o curso à implantação do Hospital Regional. E, neste aspecto a UNICENTRO precisa ter claro onde está â??se metendoâ??. O Governo Beto Richa está numa forte empreitada na ALEP com o objetivo de privatizar a saúde no Estado. Ainda hoje (25) deve ser votado o Projeto de Lei nº 726/13, que cria a FUNEAS. Se os serviços do Hospital Regional forem transferidos para a iniciativa privada, a UNICENTRO terá limites impostos à sua autonomia universitária. É isso que desejamos construir?

Se o governo lograr êxito e aprovar o FUNEAS, o próprio projeto do nosso curso de medicina precisa ser repensado. A comunidade universitária da UNICENTRO e seus Conselhos Superiores têm claro o significado disto? Os conselheiros poderiam ampliar o debate junto a cada departamento pedagógico.

Muita calma nesta hora: "Prudência é saber distinguir as coisas desejáveis das que convém evitar."

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