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Crise nas universidades paulistas. Docentes da UNICAMP decidem reter notas e calendário letivo é afetado

30 de Junho de 2014 às 16:17:26



Até o fim da greve, as notas dos alunos não serão inseridas no sistema.
Unicamp afirma que, até o momento, não há alterações no calendário.






Do G1 Campinas e Região










Em 31 dias de greve dos professores da Unicamp, o calendário de fechamento do 1º semestre letivo e de início do 2º poderá ser comprometido. A associação que representa os docentes deliberou que as notas dos alunos não serão inseridas no sistema da universidade até que a greve termine. As greves de trabalhadores e professores começaram nos dias 23 e 27 de maio, respectivamente, após o congelamento dos salários decidio pelo Cruesp.

O Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp) decidiu no dia 21 de maio pelo reajuste zero nos salários dos servidores das três universidades paulistas. O Cruesp afirmou na ocasião que o congelamento foi necessário por conta dos níveis de comprometimento do orçamento com a folha de pagamento, sendo de 95,42% na Unesp, 97,33% na Unicamp e 105,33% na USP. Um mês após a greve, a reabertura das negociações permanece fora da pauta do conselho.

A decisão dividiu opiniões de estudantes em um grupo da universidade nas redes sociais. Alguns deles se preocuparam com a matrícula do próximo semestre, enquanto outros afirmam que o direito de greve dos professores é legítimo e que as aulas devem ser repostas.

Reposição de aulas e atividades
O diretor da Adunicamp, Paulo Oliveira, afirma que mesmo se a greve terminasse na próxima semana, não haveria tempo hábil no atual calendário para reposição de aulas, aplicação de provas e trabalhos e envio das notas ao sistema da universidade. Segundo ele, a decisão levou em consideração o fato de que os alunos não tiveram aula neste período. "É uma questão ética. Nós vamos lançar nota para uma pessoa que não teve aulas e que não fez provas?", explica Oliveira.

Oliveira relembra a greve dos docentes que ocorreu em 2004 para explicar a questão do calendário letivo. Na época, foi realizado um estudo para visualizar quantos alunos poderiam cursar o 2º semestre sem pendências, segundo ele. "Nesse estudo, o resultou foi que 30% dos alunos de toda a universidade que poderiam se matricular sem problemas. Com isso, foi necessário alterar o calendário", disse o diretor da associação. Por meio de nota, a Unicamp informou que "até o momento o calendário acadêmico não apresenta alterações".

Reitor contra o reajuste zero
Em entrevista no dia 9 de junho, ele se manifestou pela primeira vez sobre a greve e afirmou que é contra o reajusto zero. Além disso, disse que iria propor a reabertura das negociações no Cruesp. Apesar disso, o gestor não quis revelar o percentual de aumento proporia na ocasião.

"Os três [reitores das universidades estaduais] devem decidir em conjunto. Não adianta só a Unicamp poder dar certo reajuste, não tem jeito de só eu conceder um valor", afirmou ele. O Conselho Universitário (Consu), órgão máximo de deliberação da Unicamp, se posicionou favorável à reabertura das negociações salarias em reunião que ocorreu em 27 de maio.