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Polícia militar reprime violentamente ato na USP nesta quarta (20). Um grande contingente da Força Tática da PM chegou e, sem qualquer diálogo ou negociação já começou a atirar bombas para dispersar

20 de Agosto de 2014 às 17:35:03

A notícia da intenção da Reitoria da Universidade de São Paulo (USP) em implementar um Plano de Demissão Voluntária para funcionários técnico-administrativos, além de entregar o Hospital Universitário (HU) à Secretaria Estadual de Saúde e de autarquizar o Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais de Bauru (HRAC ou "Centrinho"), causou revolta entre a comunidade acadêmica da USP. A informação foi divulgada no jornal Folha de São Paulo na última quinta-feira (14), através de um documento vazado.

O conteúdo do documento e a situação da universidade foram discutidos na Assembleia Geral Permanente da Associação dos Docentes da USP (Adusp - Seção Sindical do ANDES-SN), na qual foi aprovada, sem votos contrários e com apenas duas abstenções, a manutenção da greve. A assembleia também discutiu o possível corte de ponto em algumas unidades onde o salário dos docentes e servidores grevistas foi confiscado.

Por fim, a assembleia analisou e deliberou um conjunto de contrapropostas a serem submetidas à avaliação das Congregações e do Conselho Universitário, as quais consistem em soluções emergenciais imediatas e de médio e longo prazo que deem conta de solucionar a questão do financiamento das universidades estaduais paulistas, sem, no entanto, implicar o desmantelamento destas instituições, como implícito nas medidas sugeridas pela Reitoria. Confira aqui o documento produzido pela assembleia.

Polícia reprime violentamente ato na USP

No início da manhã desta quarta-feira (20), em resposta à proposta de desmanche da USP por parte da Reitoria, o Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp) e os estudantes em greve realizaram um ato que bloqueou três entradas da universidade. Por volta das 6h30, a Força Tática da Polícia Militar de São Paulo reprimiu violentamente os manifestantes, com bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha, para impedir o fechamento dos portões e dispersar os participantes. Ao menos 10 pessoas foram feridas ou sofreram efeitos a partir das bombas lançadas pela polícia de acordo com o Sintusp, em reportagem divulgada pelo Estadão na manhã desta quarta (20).



O diretor do Sintusp, Magno de Carvalho, em entrevista à Folha de S. Paulo, contou que um grande contingente de policiais da Força Tática da PM chegou logo nas primeiras horas da manhã. "Não houve negociação. Primeiro eles foram no portão 3 e já começaram a atirar bombas para dispersar os manifestantes. No portão 2 não houve confronto, mas no portão 1 onde havia uma maior concentração de pessoas houve resistência e bombas", contou à reportagem da Folha.
"A polícia foi chamada para reprimir. Não houve nenhuma conversa", afirmou a dirigente do Sintusp, Diana Assunção, ao jornal Estadão. Às 10h, está marcada uma assembleia para discutir os próximos passos do movimento, além de denunciar a repressão policial sofrida pelos manifestantes.

Segundo Carvalho, o ato, que contou com a participação de 500 pessoas, ocorreu em resposta ao corte no pagamento dos funcionários, que já tiveram um mês descontado dos salários, de acordo com a Agência Brasil. O diretor do Sintusp acrescentou ainda que aproximadamente 80% dos servidores da USP, em todo o estado, estão em greve.

Na Unicamp, greve já é a maior da história
A greve dos técnico-administrativos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) completou, nesta terça-feira (19), 89 dias, e já é a maior paralisação da história da universidade. Ignorando a reivindicação dos trabalhadores, a Reitoria segue oferecendo reajuste zero à categoria.

Por conta da greve, a Unicamp adiou, de 4 de agosto para 1º de setembro, o início do segundo semestre letivo para os alunos da graduação e da pós-graduação. Segundo a universidade, o adiamento foi necessário para a conclusão das atividades do 1º semestre, incluindo envio de notas, de 30% das turmas que ainda precisavam fazer reposição de aulas, provas e trabalhos.

*Com informações de Adusp-SSind, Sintusp, Agência Brasil, G1, Estadão e Folha de S. Paulo


* Foto à direita: Adusp - Seção Sindical; foto à esquerda: Marcos Bezerra; foto abaixo à direita: Hélvio Romero