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Nota da Diretoria da ADUNICENTRO em apoio aos estudantes da Unicentro que reivindicam uma política de Assistência Estudantil eficaz e pela estatização dos restaurantes

29 de Abril de 2013 às 03:42:26

A Diretoria da ADUNICENTRO entende ser fundamental apoiar os estudantes da UNICENTRO na luta por assistência estudantil. Nossa universidade padece de um grave problema: a preocupante evasão de estudantes. Somos docentes, portanto faz parte de nossas funções preparar academicamente estes jovens e contribuir  para que conquistem seus sonhos. Nos entristece ver que muitos de nossos jovens veem o sonho de um futuro melhor ir se apagando diante das dificuldades econômicas de se estudar numa universidade pública que apresenta  falta crônica de assistência estudantil.

Segundo dados do IBGE, a UNICENTRO está inserida na região com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mais baixo do estado do Paraná e mesmo da região sul do Brasil. A maior parte de nossos estudantes são principalmente desta região. Por isso entendemos que a UNICENTRO não pode ser tratada diferentemente dos estudantes da UEL, UEM e UEPG onde há R.U. público. É importante que haja R.U. público naquelas universidades, mas na UNICENTRO isso é ainda mais importante dada a conjuntura econômica da região. Segundo dados obtidos da própria UNICENTRO, confrontando dados dos ingressantes e os formandos dos últimos anos, 45% dos estudantes que ingressam na nossa universidade abandonam seus cursos. Mais de uma variável pode provocar este resultado, porém outra informação fornecida pela UNICENTRO atesta que 51% dos vestibulandos de 2012 vêm de famílias com renda de até dois salários mínimos. Assim, é razoável inferir que a questão econômica é um fator importante.  Quase 2/3 afirmam que necessitarão trabalhar para se manter estudando.  Aqueles que estão matriculados em cursos integrais enfrentam dificuldades adicionais, pois a perspectiva de trabalhar é dificultada pelo tempo maior que tem que estar presencialmente na universidade.

O que está em discussão é que, desde que a UNICENTRO foi criada há mais de 20 anos e antes como FAFIG e FECLI há mais de 40 anos, nenhum governo a tratou com igualdade comparada a outras universidades estaduais. Durante todo este tempo a UNICENTRO continua vendo seus jovens enfrentarem dificuldades maiores quando comparados aos estudantes das demais universidades. Isto significa que milhares de jovens foram obrigados, ao longo de todos estes anos, a desistir de seus cursos e sonhos devido a dificuldades financeiras quando uma eficaz política de assistência estudantil poderia ter evitado ou minimizado isso.

E também é necessário olhar para o futuro. As cotas definitivamente fazem parte da realidade das Universidades brasileiras. A partir do ano passado as Universidades Federais passaram a ter que implantar cotas numa proporção de 50%. É questão de tempo para que o sistema estadual de ensino superior do Paraná evolua no mesmo caminho. Quando isto ocorrer, a curto e médio prazo, a situação da evasão discente na UNICENTRO irá se agravar. Temos que nos antecipar e nos preparar para receber estes jovens. A UEM já iniciou a ampliação de seu R.U. público, a UNIOESTE iniciou ano passado as tratativas para implantar o seu, também público. A UENP investe em moradia estudantil. A UNICENTRO não pode postergar mais a criação de uma política de assistência estudantil eficaz, democrática e isonômica.

Assim, quando vemos um grande número de estudantes da UNICENTRO, em Irati e Guarapuava, fazendo um forte movimento no campus, na reitoria, na Assembleia Legislativa, na SETI, levantando cartazes no nariz do Governador achamos sim muito bom. É um grito de alerta de tantos que lutam pelo coletivo e de desespero de outros que estão perto de ter que abandonar os estudos e que não deve ser ignorado. Investir na expansão das universidades também significou trazer mais jovens carentes para nossas salas de aula.

Não basta investir em acessibilidade e não fazer o mesmo em termos de permanência. Devemos lembrar que as demais Universidades, dentre as políticas de assistência estudantil investem também em creches e moradia estudantil. Será que isso significa privilégio ou - como acreditamos e defendemos - se trata de democratizar o acesso ao ensino superior e contribuir para para enfrentar as desigualdades sociais e regionais?  Quando nossos jovens lutam por assistência estudantil eles tornam a UNICENTRO uma universidade maior ou menor?

O momento é de unir todos os esforços (Reitoria, Sindicato e DCE) para defender a categoria toda dos estudantes e garantir uma política eficaz de assistência estudantil, reduzir a evasão discente e democratizar o acesso e permanência dos estudantes. Assim, a diretoria do sindicato recomenda que os docentes da nossa universidade apoiem as reivindicações dos nossos estudantes por uma política democrática de assistência estudantil.

Diretoria da ADUNICENTRO, Sindicato dos Docentes da UNICENTRO

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Publicado originalmente em: http://adunicentro.org.br/novo/?p=3440

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