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Moção de apoio do Departamento de História/G à mobilização estudantil na Unicentro

15 de Agosto de 2013 às 21:06:22

O Departamento de História, reunido em seu Conselho Departamental, decidiu expressar publicamente apoio ao movimento estudantil na Unicentro. Solidarizamo-nos com suas demandas por entendermos que a Universidade Pública no Brasil tem papel crucial no desenvolvimento social, político, econômico, cultural, científico e artístico e, assim sendo, não pode operar nas atuais condições que precarizam suas funções de ensino, de pesquisa, de extensão e de popularização da ciência e tecnologia.

A Unicentro é uma universidade jovem, em expansão e que atende a região mais pobre do Paraná. Grande parte do corpo discente vive na pele as vicissitudes históricas deste processo de pauperização regional, fruto de concentração de terras e renda, que gerou um cenário de profunda dependência dos estudantes às vontades de governos municipais em proporcionar acesso - muitas vezes precário e de risco - a uma fatia pequena do que deveria ser o ensino superior, englobando todas as atividades acadêmicas a ele relacionadas. Apesar de observarmos que a Unicentro vem buscando ampliar sua atuação com vistas a cumprir a meta institucional de propor soluções aos problemas regionais, não reconhecemos por parte do governo estadual do Paraná o suporte obrigatório para que este processo se dê de maneira eficiente.

Tendo em vista este quadro socioeconômico dos estudantes, a assistência é fundamental. Atualmente ela existe na forma de bolsas de monitoria, pesquisa, extensão (ainda que em número pífio). Contudo poderíamos enumerar outras alternativas de assistência que, resultantes de lutas históricas e de políticas de governo, têm ajudado a reverter situações de evasão e constrangimento de estudantes em diversos locais do Brasil: auxílio moradia, moradia estudantil, bolsa permanência, passe livre, assistência de saúde dentro da universidade, atendimento psicossocial, bolsa trabalho, educação infantil para filhos e filhas de estudantes, servidores e professores, criação de centros de convivência, disponibilização de um Restaurante Universitário que ofereça alimentação de qualidade a preço baixo.

A carência de servidores técnico-administrativos força a promiscuidade institucional que, na prática, ao contratar estagiários, coloca-os em contradição com o que é preconizado para este tipo de atividade formativa. Além disso, há prejuízos para o desenrolar das atividades burocrático-administrativas de departamentos e setores, na medida em que a rotatividade inerente ao estágio não proporciona a especialização que garantiria a memória e a melhoria constante das atividades nestes locais.

Do ponto de vista pedagógico, científico e tecnológico, como podemos sustentar o desejo de expansão com qualidade se não temos a infraestrutura adequada para o desenvolvimento de nossas atividades? Se a quantidade de livros, de base de dados, periódicos, estão muito aquém do mínimo? Se há um parco espaço físico para laboratórios? Se a cada aquisição de quaisquer equipamentos e instrumentos há um exercício hercúleo de paciência para encarar o desafio burocrático, o atraso de verbas, as lutas intestinas pela aplicação dos recursos? Se a autonomia universitária é sistematicamente ignorada pelo governo estadual? Como promover qualidade de ensino se as contratações de docentes ficam engavetadas em salas de secretários de governos neoliberais comprometidos unicamente com o desmonte do Estado? Como pensar a universidade, organicamente, com a máxima exploração do trabalho dos professores colaboradores, os quais foram transformados em uma categoria estruturante do ensino superior do Paraná, quase aproximados aos antigos animais de tração do saber, forçados a mais de 22 horas-aula nos mais variados campi e disciplinas? Será que o governo não compreende a especificidade da docência no ensino superior, que exige constante aperfeiçoamento, pesquisa, comprometimento social?

Cremos que a luta dos estudantes da Unicentro reflete demandas das mais variadas instâncias da universidade. Sendo assim, o DEHIS/G também participa da luta por uma Universidade verdadeiramente pública, gratuita e de qualidade.

Guarapuava, 14 de agosto de 2013

Departamento de História - DEHIS/G