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Em greve há um mês, docentes das três universidades estaduais do Ceará ocupam Assembleia Legislativa do estado

28 de Novembro de 2013 às 16:54:14

Nesta quarta-feira (27), docentes, estudantes e servidores técnicos administrativos das três universidades estaduais do Ceará - Uece, Urca e UVA -, em greve conjunta desde o início deste mês, ocuparam o plenário da Assembleia Legislativa do estado (Alec), tendo como principal reivindicação uma audiência de negociação com o governador do Ceará, Cid Gomes.

O movimento - coordenado pelas três Seções Sindicais do ANDES-SN (Sinduece, Sindurca e Sindiuva), pelo sindicato dos servidores técnicos administrativos das universidades estaduais (Sinsesc), CAs e coletivos de estudantes - é pacífico e de total respeito ao patrimônio público. Houve negociação favorável à entrada e saída de pessoas, permissão para entrada de alimentos e o não envio de contingente do batalhão de choque da Polícia Militar.

Os manifestantes cobram audiência efetiva de negociação com o governador, depois de quase cinco anos na espera pela regulamentação do Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos (PCCV) dos docentes, que enfrentam problemas estruturais como baixo financiamento da pesquisa e infraestrutura, carência de 800 professores, demandas por prédio próprio e política de expansão. Os servidores denunciam o processo de extinção da categoria via terceirização e a falta de concurso público, e os estudantes cobram plano de assistência estudantil. Os três segmentos em greve defendem ainda a autonomia universitária (gestão financeira, didático-científica), gestão democrática e ampliação do percentual de investimentos nas universidades estaduais vinculado à receita do Estado .

A manifestação teve início no momento em que a Alec realizava uma sessão solene pelo dia do servidor público. O ato teve início com palavras de ordem como: "servidores na rua, Cid a culpa é sua" e "greve geral interior e capital".

Movimento Docente intervêm na abertura da Semana Universitária da Uece
De um lado, o colorido e ritmado balanço do corpo de greve composto por estudantes, professores e servidores técnicos administrativos mudava a manhã do primeiro dia da 18ª Semana Universitária da Uece, realizada de 25 a 29 de novembro. Os três setores fizeram inúmeras intervenções em meio à plateia do Auditório Central, bradaram palavras de ordem e denunciaram o estado de precarização pelo qual passam as três universidades estaduais - Uece, Urca e UVA. Do outro lado, o reitor da Uece, Jackson Sampaio, em sua fala, deu as boas vindas aos presentes e afirmou que a Semana Universitária "ocorre num momento singular de greve".

Após a abertura, foi realizado um debate sobre "Autonomia Universitária e Financiamento", que contou com a presença do 2º vice-presidente do ANDES-SN, Gean Santana, da professora da UVA, Kátia Lima, e do reitor da Universidade Estadual da Paraíba (Uepb), Rangel Junior. "Na minha fala, pontuei o acúmulo do Sindicato sobre autonomia e financiamento da universidade pública e, em especial, para as IEES, além de apresentar o estudo sobre financiamento de algumas IEES comparando com as estaduais do Ceará, o que mostra o descompromisso dos vários governos com a educação superiorque, no caso do Ceará, levou professores, técnicos e estudantes à greve na defesa de um financiamento adequado, além de outros pontos de pauta de reivindicação", explicou. O estudo sobre financiamento das IEES/IMES foi feito pela subsede do Dieese no ANDES-SN. "Conseguimos dar o tom do debate, sustentado pelo conteúdo técnico e político", acrescenta Santana.

Durante o debate, também foi abordada a falta de infraestrutura dos campi, a inexistente política de assistência estudantil e as condições de trabalho dos servidores técnicos administrativos. "Esta Semana Universitária se caracteriza pela paralisação dos três setores. Queremos dizer a todos e todas que esta universidade está parada. A Uece, e nossas irmãs Urca e UVA, têm sido sucateadas por uma política de governo que subverte as prioridades, relegando a educação de nível superior às últimas preferências de investimento dessa gestão", afirmou a presidente do Sinduece, Elda Maciel.

"O Sinduece e demais Seções Sindicais (Sindiuva, Sindurca e Sinsesc) em greve apresenta como necessidade vital para o êxito da campanha, a adesão em massa dos professores, estudantes e servidores técnicos administrativos, a fim de que ecoemos a pauta da greve por todos os cantos da sociedade cearense", afirma o Sinduece.

O diretor do ANDES-SN observa: "os professores, estudantes e técnicos acabam de ocupar a Assembleia Legislativa do estado, o que mostra a diposição de luta dos companheiros e das companheiras das IEES do Ceará. Neste momento, é importante que as Seções Sindicais manifestem apoio à greve e exijam que o governador Cid Gomes receba o movimento e negocie".

* Com informações do Sinduece - Seção Sindical