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Estudantes da UFRPE deflagaram greve em protesto às condições precárias de ensino.

11 de Janeiro de 2014 às 18:31:22

Todavia, dirigente da Aduferpe, ANDES-SN, José Silva, analisa o movimento como prenúncio de outros que poderão ocorrer durante 2014 caso os problemas não sejam resolvidos

Estudantes do curso de zootecnia da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) encerraram nessa quinta-feira (9) uma greve deflagrada na terça-feira (7) contra as condições precárias de ensino. Depois de reunião com representantes da reitoria, os integrantes do Diretório Acadêmico (DA) decidiram, em assembleia, suspender a paralisação. Eles pedem infraestrutura para o departamento, como ares-condicionados, salas multimídias, reparo na rede elétrica, construção de banheiros e de uma cantina, dentre outros.

Na quarta-feira (8), eles realizaram uma passeata no campus e chegaram a ocupar a reitoria, mas, após conversa com o vice-reitor, Marcelo Carneiro, optaram pela desocupação. Inicialmente, eles haviam decidido fazer a greve apenas nos dias 7 e 8, mas resolveram estendê-la porque não tiveram retorno da reitoria. "A reitoria tinha dito que após o recesso de fim de ano o problema seria resolvido, mas tudo está igual", afirmou o integrante do DA, Marcelo Meireles, que está no 8º período do curso.

Ele disse ainda que os setores do Departamento de Zootecnia estão abandonados e que isso é um problema comum em várias universidades do país. A reitoria alega que a demora em atender às reivindicações se deve à burocracia da instituição. "Como eles (governo) conseguem construir super-rápido um estádio para a Copa do Mundo e não conseguem construir uma biblioteca setorial? Temos várias obras paradas", comparou Lene Ferreira, estudante do 2º período do curso de pedagogia e integrante do Movimento Resistência (MR).

Os estudantes afirmaram que, do diálogo que tiveram com a reitoria há cerca de um ano e meio, nada foi resolvido até agora, contudo, com o compromisso da vice-reitoria de que as medidas emergenciais iriam ser adotadas e que as demais reivindicações também seriam atendidas, decidiram suspender o movimento. "A reitoria propôs melhorias imediatas tentando resolver alguns pontos de reivindicações e uma delas foi pôr ares-condicionados para resolver o problema da climatização das salas de aulas que eles estavam chamando de â??saunas de aulaâ??", completa o presidente da Associação dos Docentes da UERPE (Aduferpe) - Seção Sindical do ANDES-SN e professor do Departamento de Educação, José Nunes da Silva.

Contudo, na avaliação de Silva, a colocação de condicionadores não resolverá o problema da zootecnia "porque temos vários outros problemas relacionados às condições de trabalho: faltam muitas coisas, tais como gabinetes para professores; neste setor de zootecnia, falta a estruturação dos setores de produção com manutenção sistemática de, por exemplo, aquisição de rações e outras questões importantes para manter o ensino melhor", comenta.

Silva acredita que esse seja um dos primeiros atos contra a situação precária das condições de ensino e de trabalho que vem se arrastando e se alastrando pelo estado. "Temos, no interior, outras unidades que enfrentam esses problemas e, na capital, Recife, outros departamentos que enfrentam essa situação". Ele afirma que se pode até dizer que essa mobilização estudantil é o início de um conjunto de ações que poderão surgir a partir da não resolução dos problemas. "É tanto que uma matéria foi publicada neste último Dossiê Nacional Precarização II sobre a Unidade de Serra Talhada. Essa análise, que acho pertinente a gente fazer, é que essa situação da zootecnia não é pontual. Ela está inserta no contexto de uma universidade em que essas condições precárias de ensino e de trabalho vêm se agravando", avalia.

O professor diz que "esta semana foi a zootecnia, mas nada impede que o mesmo ocorra em outras unidades e departamentos. A mobilização da zootecnia faz parte de um processo de mobilização no qual estamos todos envolvidos e vamos continuar como uma das principais pautas internas. Uma greve do movimento docente está sendo discutida no ANDES-Sindicato Nacional, porém, para ele ser deflagrada, irá depender da nossa avaliação a partir do 33º Congresso do ANDES-SN, a ser realizado entre os dias 10 a 15 de fevereiro deste ano, em São Luís, Maranhão, e da interlocução com os demais servidores públicos federais", informa.

*Com Diário de Pernambuco
* Foto: Diário de Pernambuco