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Falta de planejamento e confusão em edital do Ciências sem Fronteiras obriga estudantes a retornar ao Brasil. Com corte de bolsas e passando por dificuldades financeiras no Canadá, coordenação do programa orientou estudan

03 de Maio de 2014 às 18:01:07

Um grupo de estudantes brasileiros que foram selecionados pelo programa federal Ciências sem Fronteiras para estudar no Canadá tiveram suas  bolsas cortadas e estão sendo obrigados a retornar ao Brasil. Relatam os estudantes que foram orientados pela coordenadora do CBIE, órgão que gerencia o programa no Canadá a â??racionar alimentosâ??.

Em dezembro de 2013, a CAPES atrasou por quase um mês o pagamento das bolsas deixando os estudantes em grave dificuldade em solo estrangeiro.

Luana Monteiro Leite, 27, e Rondinelly Guimarães, 23, estavam entre os 80 estudantes do Ciência sem Fronteiras que estudavam no Canadá que foram chamados de volta ao Brasil por não terem atingido o nível de proficiência em inglês necessário para serem aceitos pela universidade de sua escolha.

Estes estudantes foram selecionados pelo programa para cursar um período de sua graduação em uma universidade de Portugal onde não precisariam da proficiência em inglês. Mas o edital foi cancelado e eles foram transferidos para o Canadá, onde chegaram em setembro, para realizar seus estudos.

Transferidos para o Canadá, o nível de inglês destes estudantes era insuficiente e foi estabelecido, inicialmente, que fariam um curso da língua até janeiro, quando realizariam os testes. Os que não obtivessem a nota necessária continuariam o curso e fariam novo teste em março ou abril.

Os estudantes relatam que houve apenas o primeiro teste, em meados de janeiro, e que aqueles que não obtiveram a nota foram surpreendidos com o corte da bolsa e receberam a ordem de retornar ao Brasil.

"No começo foi um sonho, mas, depois de todas as injustiças, é como se tivéssemos recebido uma punhalada nas costas", diz Luana.

Com as bolsas cortadas, estando em solo estrangeiro,  os estudantes relatam dificuldades financeiras e em 04 de dezembro a coordenadora Nathalí Rosado, coordenadora do CBIE lhes envia um e-mail, dizendo "Racionem a sua alimentação, mas não excessivamente (isto é, não cessem de comer)".

"Foi um período em que tivemos de racionar comida mesmo", diz Rondinelly.

Os estudantes se mostram confusos quanto aos critérios utilizados para definir quem teria bolsa cortada e obrigados a retornar ao Brasil. Relatam que alunos da mesma turma que obtiveram notas idênticas àqueles que estão voltando continuarão no Canadá, estudando inglês até setembro.

Documentos obtidos pelo Jornal Folha de São Paulo mostram dois resultados dos testes realizados em janeiro, uma aluna que obteve a nota 56 no teste TOEFL IBT foi convocada pela CAPES para retornar, enquanto um aluno que obteve a nota 45 no mesmo teste recebeu o aceite da Universidade de Toronto. A CAPES disse que não discute casos de alunos específicos.

Rondinelly e Luana dizem considerar o programa positivo, apesar de tudo. â??Mas não podemos ficar calados diante da falta de planejamento e de compromisso", diz Rondinelly.

Eles tentarão retomar a vida universitária no Brasil, mas como o semestre letivo já iniciou há dois meses, só devem conseguir retornar às aulas em agosto, com possível atraso em suas formaturas.

Com informações do Jornal Folha de São Paulo

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