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Tido como modelo em financiamento das Universidades, o governo do estado de São Paulo aplica há anos manobras contábeis das receitas do ICMS e sonega recursos para a USP, UNESP e UNICAMP com a subserviência do Conselho de Reitor

23 de Maio de 2014 às 13:13:41

Onde se começa a ter alguma ideia de tudo que o governo estadual deixou de repassar a USP, Unesp e Unicamp de 2008 a 2013


Conforme noticiado no Informativo Adusp 379, as universidades estaduais paulistas deixaram de receber do governo do Estado, só em 2013, R$ 540,41 milhões, devido a manobras contábeis. A Tabela I, abaixo, indica os valores nominais deixados de receber entre 2008 e 2013. Cabe lembrar que além dos descontos indevidos dos montantes destinados à Habitação e ao programa Nota Fiscal Paulista (NFP), as alíneas de execução orçamentária desconsideradas pelo governo no cômputo dos 9,57% devidos à USP, Unesp e Unicamp são as seguintes (ver nos parêntesis sua identificação formal):

  1. Multas e juros de mora do ICMS (1911);

  2. Multas e juros da dívida ativa do ICMS (1913);

  3. Multas por infração do regulamento do ICMS (1919 50);

  4. Receita da dívida ativa do ICMS (1931 15);

  5. Outras receitas, provenientes de acréscimo financeiro sobre ICMS não inscrito, referentes aos programas de parcelamento incentivado (PPI) e de parcelamento especial (PPE) (1990 99).




































































































Tabela I - Valores não repassados às universidades estaduais paulistas - 2008-2013 (em R$ milhões)
2008 2009 2010 2011 2012 2013
Habitação 568,12 322,04 662,10 741,19 1.083,00 1.053,00
NFP 203,80 804,00 971,00 1.142,00 1.313,00 1.302,00
1911 555,24 425,40 534,26 667,32 545,00 2.846,70
1913 59,05 82,67 132,82 240,45 32,55 116,50
1919 50 39,61 83,40 128,83 186,66 7,85 68,20
1931 15 34,95 32,85 42,12 57,65 79,56 31,70
1990 99 129,73 167,54 236,66 303,90 296,03 228,80
Total 1.590,50 1.917,90 2.707,79 3.339,17 3.356,99 5.646,90
Valor não repassado 152,21 183,54 259,14 319,56 321,26 540,41

Fontes: Secretaria de Estado da Fazenda e planilhas Cruesp


Devido à inflação, não é adequado simplesmente somar os totais não repassados às universi­da­des entre 2008 e 2013; mas, ape­nas para se ter uma ideia, o valor nominal devido pelo governo do Estado a estas instituições no período é R$ 1,776 bilhões!

Contudo, utilizando-se o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) da Fundação Getúlio Vargas é possível obter uma melhor estimativa do total atualizado para 2013, em R$ milhões (ver Tabela II).






















































Tabela II - Estimativas do que não foi repassado às universidades paulistas - 2008-2013 (em R$ milhões)
Período IGP-DI (%) Valor nominal Valor atualizado
Dez/13 a dez/13 - 540,41 540,41
Dez/12 a dez/13 5,53 321,26 339,03
Dez/11 a dez/13 14,09 319,56 364,59
Dez/10 a dez/13 19,81 259,14 310,48
Dez/09 a dez/13 33,35 183,54 244,75
Dez/08 a dez/13 31,44 152,21 200,07

Total atualizado
1.999,33


Ou seja, uma estimativa que leve em conta apenas a evolução inflacionária média do período em questão indica que entre 2008 e 2013 o governo deixou de repassar às universidades estaduais paulistas o mon­tan­te de R$ 2 bilhões!

Esta questão é central na nossa luta, tanto com o governo do Estado, quanto com o Cruesp, que vem se subme­tendo a esta prática política. Assim, será necessário intervir com energia no debate da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2014, para reverter a sonegação de recursos para a educação superior pública paulista.

Ataque ao ensino, pesquisa e extensão?

Imediatamente, ocorre-nos indagar: será que o análogo não estaria acontecendo com a Fapesp? É bom lembrar que, fruto da nossa luta, a Constituição Paulista de 1989 destina 1% da receita de impostos do Estado de São Paulo a esta fundação pública. O governo está fazendo a conta direito? Estaria utili­zando o mesmo método que com as universidades estaduais? Registre-se que qualquer resposta a esta questão não deixa de ser muito interessante... Se a resposta for sim, a conclusão óbvia é a de que parte impor­tante da capacidade pública insta­lada de ensino, pesquisa e extensão está sendo atacada; se a resposta for não é impe­rioso questio­nar: por que só as universidades estariam sendo vítimas desta política?

Com informações da ADUSP