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Com dificuldades financeiras desde o ano passado, UEL deve fechar 2015 no vermelho

22 de Novembro de 2015 às 23:39:51

A Universidade Estadual de Londrina (UEL) vai terminar o ano de 2015 do jeito que começou: afundada em despesas e cercada por dificuldades financeiras. “Estamos na mesma situação, trabalhando na redução de custos com a manutenção do campus para evitar grandes prejuízos à área acadêmica”, resumiu a reitora da instituição, Berenice Jordão, em entrevista ao Bonde nesta quarta-feira (18), admitindo que a UEL deve fechar o ano no vermelho, com dívidas atrasadas e sem nenhuma perspectiva para investimentos.


Conforme ela, o governo alterou, no meio deste ano, o sistema de envio de verba, e comprometeu ainda mais as finanças da universidade. “Antes, recebíamos parcelas fixas de três em três meses. Agora, o repasse é feito conforme apresentamos as despesas”, explicou, expondo o sistema “apaga incêndio” adotado pelo Estado.


Pelo orçamento aprovado no final do ano passado, a UEL deveria receber cerca de R$ 30 milhões neste ano. Até agora, no entanto, a universidade teria recebido menos que a metade desse valor. “O montante definido passou por tantas alterações que eu não sei dizer o que ainda falta para gente receber”, admitiu a reitora.


Berenice confirmou, entretanto, que o governo ainda não se pronunciou sobre a liberação dos cerca de R$ 7 milhões até então referentes ao último trimestre deste ano, “apesar de já estarmos no meio de novembro”. “Vamos contraindo as despesas, apresentando os relatórios ao Estado e torcendo para que a verba seja liberada”, frisou.




Saulo Ohara/Equipe Folha

Saulo Ohara/Equipe Folha - UEL adia manutenção no campus para evitar prejuízos à área acadêmica
UEL adia manutenção no campus para evitar prejuízos à área acadêmica



Já em relação às despesas atrasadas, a reitora confirmou que a universidade está sem pagar contas de água e luz desde o ano passado, após o governo cortar cerca de R$ 6 milhões de sua verba de custeio, e se “virando como pode com os gastos do dia a dia”. “A manutenção da frota de veículos, por exemplo, não está sendo feita, assim como os serviços estruturais nos prédios dos centros acadêmicos”, disse, completando que o telhado de diversos prédios do campus, danificado pelas fortes chuvas dos últimos dias, não serão consertados por conta da falta de dinheiro.


A UEL economiza, ainda, no uso do material diário – folhas de papel, impressora, ligações telefônicas, etc – necessário para manter os setores internos funcionando, conforme a reitora. “O combustível da frota também não está regular, assim como algumas bolsas de estudo, viagens e programas complementares”, acrescentou.


Outro ponto negativo citado pela reitora envolve a falta de grandes obras e investimentos no campus da UEL. Como falta dinheiro até para custear despesas básicas, conforme ela, fica difícil planejar melhorias estruturais significativas.


A última obra de grande porte realizada no campus da universidade foi a ampliação do Restaurante Universitário (RU), fechado desde dezembro do ano passado. A UEL investiu R$ 6,3 milhões nas obras, finalizadas em setembro após muita pressão por parte dos estudantes que dependiam do local para almoçar. A previsão é de que o RU volte a ser reaberto no próximo mês, após o treinamento de novos funcionários.


Estágio


Apesar das dificuldades financeiras, as bolsas continuam a ser pagas normalmente aos cerca de 215 estagiários da UEL. Nesse mês, entretanto, houve o atraso de alguns dias no pagamento por conta de “problemas operacionais”, segundo a reitora da instituição. “O governo pediu para que os estagiários mudassem a conta da Caixa para o Banco do Brasil, mas a instituição não deu conta de atender todo mundo por causa da greve dos bancários”, explicou.


O imprevisto fez com que o Estado mantivesse o pagamento nas contas antigas neste mês. “É preciso lembrar, no entanto, que os estagiários precisam mudar as suas contas para o Banco do Brasil o quanto antes, já que, a partir do próximo mês, os pagamentos não vão mais cair na Caixa”, orientou Berenice.


(colaborou Aline Machado Parodi, da Folha de Londrina)