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Docentes da UERJ aprovam greve e estudantes ocupam campi e reivindicam o pagamento de bolsas e salários dos terceirizados

03 de Dezembro de 2015 às 15:10:41

 Cerca de 500 pessoas, entre elas mais de 300 professores, lotaram a Capela Ecumênica da Uerj durante a assembleia docente, na tarde desta quinta-feira, 3/12.


 Ao fim da debate, um conjunto de deliberações foi aprovado pela unanimidade dos professores presentes, que utilizaram cartões amarelos para identificar seu voto.


 O estado de greve, deliberado por ampla maioria, obteve, porém, um voto contrário e uma abstenção.


Estudantes ocupam a Universidade


Estudantes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) ocupam, desde a noite de segunda-feira (30), os campi de São Gonçalo, Maracanã, Caxias e Rezende da instituição. Os estudantes exigem o pagamento imediato dos salários atrasados dos trabalhadores terceirizados, professores substitutos, residentes e das bolsas estudantis, além do direcionamento de 6% do orçamento do Estado do Rio de Janeiro para as universidades públicas estaduais.  A ocupação teve início na Faculdade de Formação dos Professores (FFP) em São Gonçalo, e depois se estendeu aos outros campi.


Segundo David Gomes, estudante de história da Uerj que recebe a bolsa permanência, a ocupação estudantil se deu pela situação crítica vivida pela universidade, e pelo comportamento arbitrário do reitor, que suspendeu as atividades acadêmicas da instituição no dia 24 de novembro em decorrência das condições financeiras da instituição, e instituiu o retorno das aulas para terça-feira (1º), sem resolver a questão. “É uma incoerência o retorno às aulas, por não ter nenhuma perspectiva de pagamento. A medida prejudica os estudantes bolsistas, principalmente os cotistas, que não têm condições financeiras de vir às aulas e os trabalhadores terceirizados que vão trabalhar sem receber. A ocupação só acaba quando a situação for regularizada”, afirma.


David Gomes critica também a falta de diálogo por parte da reitoria e do governo estadual, que até o momento não fizeram contato com os estudantes. Ele contou também que um calendário de lutas foi aprovado na assembleia estudantil, realizada na terça-feira (1º), e um dos encaminhamentos será o de acompanhar a votação na próxima semana da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2016. No orçamento enviado pelo Poder Executivo à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), os cortes nas universidades chegam, em média, a 40% no custeio e 50% nos investimentos.


Guilherme Abelha, 1° secretário da Regional Rio de Janeiro do ANDES-SN, ressalta a importância da ocupação realizada pelos estudantes diante da situação gravíssima que se encontra a Uerj desde 2014. Ele destaca que o governo do estado do Rio vem priorizando há anos gastos com dívida pública ou empreiteiras, antes de cumprir com as obrigações das universidades públicas do estado. “A ocupação é importantíssima e são inúmeras as motivações. A Uerj tem sofrido seguidamente com os cortes desde 2014, que vêm afetando os bolsistas, grande parte da comunidade acadêmica. O pagamento dos terceirizados tem sido feito sempre com um atraso, em média, de um mês e meio. Enquanto isso, está em pauta para ser votado na assembleia um subsídio fiscal de R$ 39 milhões para a Supervia, empresa que administra os trens do Rio, e é controlada pela Odebrecht”, explica.


Abelha conta ainda a situação alarmante que vivem os docentes e técnicos da Uerj. “Estamos com nossos salários atrasados. Liberaram R$ 2 mil do nosso pagamento. E o governo também já sinalizou que terá dificuldades em pagar a segunda parcela do 13º salário em dezembro. Estamos em risco. Se 2015 foi um ano muito ruim, com a universidade sem dinheiro para pagar as contas, 2016 pode ser ainda pior”, aponta o diretor do ANDES-SN.


O Hospital Universitário Pedro Ernesto, ligado à Uerj, também está em situação muito complicada. As cirurgias eletivas estão interrompidas. A universidade informou que os funcionários terceirizados, responsáveis pela limpeza, já foram pagos, Mas os bolsistas médicos e residentes ainda não receberam e estão trabalhando em esquema de escala de serviço.


 


 


Com informações do ANDES-SN e site G1