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Entidades representativas da UFRJ realizam ato em defesa da universidade pública e da democracia

18 de Dezembro de 2015 às 22:13:25

Caique Azael (DCE); Francisco de Assis (Sintufrj); Marco Aurélio (IFCS); Fernando Santoro (Adufrj); Alice Matos (APG); e Waldinéa Nascimento (Attufrj)


Professores, técnicos, terceirizados, graduandos e pós-graduandos marcaram posição contra o subfinanciamento da universidade, em ato realizado dia 16, no salão nobre do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS). Em meio à crise política do país, a manifestação teve como foco ainda a autonomia universitária e a democracia.  


“Neste momento conturbado, a defesa da universidade pública não é a defesa de uma parte da sociedade, mas da democracia como um todo”, analisou o 2º vice-presidente da Adufrj, Fernando Santoro.  O dirigente afirmou que a universidade deve assumir sua responsabilidade para além de seu reconhecido papel na formação, em todos os níveis, e na produção e inovação de conhecimento, “das ciências à arte, local e internacionalmente”. “É preciso entender que a universidade pública brasileira é a cena em que se deve ampliar e constituir a participação cidadã e a construção da democracia”, disse.


“As bases da democracia são experimentadas nesse grande laboratório social e de inclusão que é a universidade pública. Aqui temos a diversidade e pluralidade de ideias que compõem a sociedade”, avaliou. O dirigente falou ainda sobre o impacto dos cortes no desmonte do sistema público: “Quero destacar a notícia recebida ontem com a ameaça de não renovação do Portal de Periódicos da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). Existem várias formas de se boicotar o funcionamento da universidade; uma delas é desconectá-la de toda a rede de pesquisa para a qual contribui”. Ele completou: “Não estamos falando de um corte com impacto apenas para 2016, mas de algo que pode afetar o futuro da próxima geração”.


Mobilização para 2016


Com apoio institucional do IFCS, o evento foi o primeiro de uma série de encontros que visa a fortalecer a resistência da UFRJ aos cortes de verbas e a manter a qualidade de ensino e trabalho da universidade para 2016. De acordo com diretor do instituto, Marco Aurélio Santana, o objetivo é envolver mais setores na causa. “A dificuldade de financiamento para Educação Pública a que estamos assistindo talvez não tenha precedente nem mesmo na década de 1990. São cortes que atingem todos os níveis”, disse Marco Aurélio.


Trabalho digno para todos


O problema das condições degradantes da terceirização na universidade recebeu destaque. E a participação dos terceirizados, em maioria no público, foi saudada. “Se hoje temos essa presença, inclusive na mesa, é sinal de que estamos avançando”, disse Francisco de Assis dos Santos (Chiquinho), coordenador geral do Sintufrj. O dirigente enfatizou a necessidade de pressão política por concursos. “Não aceitamos a tese de que é preciso se adaptar aos cortes. O que precisamos é fazer um redimensionamento da força de trabalho e exigir a reintegração dos concursos para atividades que são imprescindíveis à universidade”.


Para Chiquinho, a universidade vive um paradoxo democrático de expansão do acesso, acompanhado pelo aumento da precarização das condições análogas ao trabalho escravo dos terceirizados da manutenção: “Hoje, os terceirizados correspondem a 50% do custeio. Quer dizer, o custeio não está servindo às atividades acadêmicas da universidade”.  


Pela Associação dos Trabalhadores Terceirizados da UFRJ (Attufrj), Waldinéa Nascimento lembrou que, mesmo a terceirização representando o maior gasto da universidade, isto não implica condições mínimas para os trabalhadores. “O mínimo que se espera para quem trabalha é o pagamento dos salários e ainda temos pessoas sem receber há meses” (Nota da Redação: seguindo determinação do Ministério Público do Trabalho, a UFRJ começou a pagar diretamente aos funcionários da Venturelli. Os pagamentos começaram no dia do ato e se estenderiam até esta sexta, 18). A dirigente relatou que mais de 70 famílias informaram à Attufrj terem sido desalojadas pelo não pagamento de aluguéis. “Na comunidade, não tem perdão”.


Funcionárias terceirizadas participam do ato no salão nobre do IFCS


Estudantes, foco na assistência


Os mais vulneráveis também são os mais prejudicados entre os discentes. Caique Azael, do DCE Mário Prata resgatou as mobilizações estudantis desde o anúncio dos primeiros cortes no início do ano, com impacto sobre as bolsas. “Os cotistas, assim como os terceirizados, são os primeiros a sofrerem as consequências da falta de financiamento. Ele entra na universidade, mas é constantemente ameaçado de não conseguir continuar”, argumentou. “Os estudantes entrarem em greve, antes mesmo dos docentes e técnicos porque entendíamos que era um problema nacional, e não de uma universidade ou outra”, frisou. “A UFF ficou sem luz, na Rural (UFRRJ), sem comida no bandejão”.


Alice Matos, da Associação dos Pós-Graduandos, também falou sobre assistência. “Não há política de permanência para os estudantes da pós. Além dos valores baixos, as bolsa são vistas como auxílio é não como ferramenta de assistência estudantil”, criticou. Para ela, a consequência imediata é a conservação da característica elitista da pesquisa universitária. “A pós é um funil ainda maior que a graduação”.


Fonte: ADUFRJ, Seção Sindical do ANDES-SN na UFRJ