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UNIFESP apresenta resultados parciais das 614 ossadas de possíveis desaparecidos políticos (1964-1985) encontradas em vala clandestina no cemitério de Perus, SP

20 de Dezembro de 2015 às 01:40:47


Trabalho de identificação é resultado de um acordo de cooperação entre a Secretaria Nacional de Direitos Humanos, a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania e a Unifesp




Começam a ser disponibilizados os resultados parciais dos trabalhos de identificação realizados nas ossadas encontradas, em 1990, em uma vala clandestina no Cemitério Dom Bosco, em Perus, SP. As análises, lideradas pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), são realizadas por uma equipe multidisciplinar, composta por 25 pessoas. O grupo conta com arqueólogos, antropólogos, geneticistas, historiadores, médico-legistas e odontolegistas. Acredita-se que, dentre esses ossos, possam estar os restos mortais de 41 militantes políticos desaparecidos durante a época da ditadura militar.


Até o momento, das 1049 caixas nas quais as ossadas estão distribuídas, 112 já foram analisadas, e já se identificou que, destes, 84 eram homens, 23 mulheres e 5 crianças. Também foram descobertas as idades e estaturas médias, além das possíveis causas das mortes em alguns casos. Sete destes tinham sinais de violência, sendo três delas compatíveis com traumas provocados por armas de fogo, e quatro com traumas contundentes, que podem ter sido causadas por agressões ou acidentes.


Os corpos de três militantes de esquerda foram identificados: Denis Casemiro, desaparecido em 1971; Frederico Eduardo Mayr, morto em 1972; e Flávio de Carvalho Molina, enterrado em 1972 sob o nome de Álvaro Lopes Peralta.



A expectativa é que todas as caixas sejam analisadas até março de 2016. A próxima fase dos trabalhos  teve início em janeiro de 2015 que, a partir do perfil de presos políticos desaparecidos e dos restos mortais analisados, realizará os testes de DNA para poder revelar a identidade das ossadas.


Compuseram a mesa de apresentação de resultados a ministra Ideli Salvatti, da Secretaria de Direitos Humanos; a reitora da Unifesp, Soraya Smaili; Rogério Sottili, secretário municipal de Direitos Humanos e Cidadania; e Samuel Ferreira, coordenador científico do Grupo Científico de Perus.


A reitora da Unifesp, Soraya Smaili, destacou o sucesso desta primeira fase de análises e ressaltou que ele só foi possível pelo fato de a cidade de São Paulo possuir uma Secretaria dos Direitos Humanos e Cidadania, e também devido ao empenho da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e aos esforços incansáveis dos familiares de desaparecidos políticos, que já estão há muito tempo nesta luta. A Reitora também destacou a criação, no âmbito da Unifesp, do primeiro Centro de arqueologia e Antropologia Forense (CAAF) do Brasil, onde está sendo realizado o trabalho de identificação das ossadas da Vala Clandestina de Perus.


"Esta é a resposta que o Estado brasileiro deve a estes familiares. Que nós possamos fazer todo esforço, tudo aquilo que estiver ao nosso alcance para que consigamos fazer as identificações", finalizou a ministra Ideli Salvatti.




Fonte: unifesp.br


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