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PM volta a agredir estudantes da USP. ADUSP, Seção Sindical do ANDES-SN divulga nota em que repudia mais este ato de agressão

12 de Janeiro de 2012 às 17:34:06

Estudantes da Universidade de São Paulo (USP) denunciam mais um caso de agressão cometido pela Polícia Militar (PM) dentro do campus Butantan, na zona oeste de São Paulo. Nessa segunda-feira (9), o aluno Ciências da Natureza na Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP Leste Nicolas Menezes Barreto foi agredido pelo sargento da PM André Luiz Ferreira.

O estudante acusa o policial de racismo. "Eu era o único negro lá (...) sem dúvida foi racismo. Ele foi falar comigo porque pensou que eu não era um estudante, e sim um traficante, algo assim. Tanto que se surpreendeu quando viu que eu era estudante", relatou Nicolas Barreto para o blog Outro Brasil.

Operação
Atendendo solicitação da reitoria, os policiais tentavam desocupar o local - antigo centro de convivência da USP, hoje usado pelo DCE (Diretório Central dos Estudantes). Os estudantes eram contra a desocupação por ser esse o único espaço de convívio dos que moram no campus.

De acordo com vídeo que está na internet, após conversar com alunos presentes no local, o sargento André Luiz Ferreira pede que o estudante se identifique. O aluno diz que estuda na universidade, mas não apresenta sua identificação. O militar então puxa o estudante por cima de um balcão, e começa a dar safanões. Saca uma arma automática, aponta para o aluno e depois a guarda.

O policial joga o estudante para fora do prédio e bate nele. Os demais estudantes presentes intervêm e acusam o policial de abuso de autoridade. Nicolas Menezes Barreto apresentou posteriormente sua identificação de aluno da universidade.

A estudante de matemática da USP, Ana Paula de Oliveira, disse à reportagem que na última sexta-feira também foi agredida, no mesmo local, por guardas universitários.
"Eles estavam querendo fechar [o prédio], eu fui para fotografá-los tirando as coisas de lá de dentro, sem mandato, sem nada. A guarda estava sendo acompanhada pela polícia. Eu entrei lá dentro e comecei a tirar fotos da ação da guarda. Um guarda passou o pé em mim, e eu acabei caindo no chão. Quando levantei, quatro guardas abaixaram a porta, que acabou caindo nas minhas costas", relatou Ana Paula ao site do CSP-Conlutas.

Segundo Ana Paula, grávida de cinco meses, todos os guardas estavam sem identificação, fardados, e de luvas de látex. Assim como Nicolas Barreto, Ana Paula também prestou queixa na delegacia de polícia. A PM, em nota enviada à imprensa, informou que o sargento André Ferreira, assim como outro policial que participou da operação, foi afastado das funções.

Adusp


Em nota disponibilizada na página da entidade, a Associação dos Docentes da USP (Adusp) repudia mais esse ato de violência da PM no campus. No texto, a entidade reafirma o que tinha sido dito em outubro, quando polícia fez uso de bombas de efeito moral e cassetetes para conter manifestação de estudantes.

"Reafirmamos o que foi dito na nota anterior porque a situação não mudou. Apesar dos problemas que tivemos em outubro, a reitoria não tem mostrado disposição para o diálogo e mantém a Polícia Militar nos campus", afirmou o 1º vice-presidente da Adusp e 2º secretário do ANDES-SN, César Augusto Minto.

Na nota, a Adusp argumenta que a USP pode e deve se organizar de forma democrática, mostrando à sociedade a importância do respeito à diversidade, característica da universidade, que impõe o exercício da tolerância e o caminho da autoridade conquistada, "jamais o autoritarismo".

Diz, ainda, que o polêmico convênio entre USP e PM-SP "levanta uma série de preocupações".

O texto defende que a Universidade "pode e deve constituir e manter um efetivo que realize a segurança em seu território, devidamente formado por valores humanitários e democráticos para o convívio com a diversidade que a caracteriza e a torna singular. Para tanto, é necessário que invista na formação de um contingente de funcionários aptos a atuar nesse espaço, mostrando que casa educativa não é lugar de polícia."

"É isto que temos visto? Seguramente, não!", denuncia a nota. Segundo o texto, a Reitoria da USP tem optado por respaldar o autoritarismo, em flagrante violação ao ethos universitário."

Veja, aqui, a nota da Adusp.

Assista ao vídeo da agressão ao estudante Nicolas Menezes Barreto.

Fonte: ANDES-SN