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Professor da UNICENTRO, membro da delegação do sindicato no Haiti, critica endurecimento do Brasil à entrada de haitianos no país e relata que militares brasileiros só eram vistos na proteção das fáb

14 de Janeiro de 2012 às 01:36:01

Brasil endurece as regras para a entrada de haitianos

O Conselho Nacional de Imigração (Conmig) aprovou nessa quinta-feira (12) resolução que limita em 1.200 ao ano o número de vistos semi-permanentes a serem dados para haitianos se estabelecerem no Brasil. A medida, proposta pelo governo federal, não deixa de ser uma tentativa de contenção, já que nos últimos dois anos entraram irregularmente no país de 3 a 4 mil haitianos. Para o ANDES-SN, o êxodo da população do Haiti é fruto da falta de perspectiva do povo haitiano em relação ao futuro do país.

"Depois do terremoto que devastou o país em janeiro, onde mais de 250 mil haitianos perderam suas vidas e outros milhares ficaram desabrigados e vivendo em condições precárias, uma das poucas alternativas que restaram ao povo daquele país foi buscar abrigo em outros países. Infelizmente o governo brasileiro demonstra mais uma vez que a sua política para o Haiti nunca foi de solidariedade, como há anos o sindicato vem denunciando. Ao chefiar a Missão das Nações Unidas para a Estabilidade do Haiti (Minustah), o Brasil cumpre o papel de proteger o capital privado que usa o país para explorar a mão de obra de trabalhadores nas indústrias têxteis instaladas lá. Não há, portanto, nenhuma política de reconstrução do país", afirmou o 1º Tesoureiro do ANDES-SN, Hélvio Mariano, que também é professor da UNICENTRO  e diretor da ADUNICENTRO.

O diretor do ANDES-SN esteve no Haiti em 2010, junto com uma delegação do Sindicato e da CSP-Conlutas, para prestar solidariedade aos trabalhadores haitianos na luta contra a ocupação do seu território pela Minustah. "O que vimos no Haiti foi a falta de preocupação para a criação de empregos, o aumentou da violência e repressão contra os trabalhadores e os abusos sexuais contra mulheres e crianças", denuncia.

Hélvio Mariano esteve no país logo após o terremoto â?? que em 2010 matou 220 mil pessoas e feriu mais de 300 mil haitianos. "Nas duas oportunidades em que a delegação do ANDES-SN esteve no Haiti, foi possível constatar que os militares brasileiros só eram vistos nas portas das fábricas e multinacionais estrangeiras", observa.

Para o diretor do ANDES-SN, que é professor de História na Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná (UNICENTRO), a presença das tropas brasileiras no Haiti mostram uma posição imperialista do Brasil, de ocupar outro país sem oferecer as condições para que ele se desenvolva. Outro exemplo dessa postura está na pauta da visita da presidente Dilma Roussef ao país, marcada para o início de fevereiro."um dos temas será a construção, por empresas brasileiras, de uma usina hidrelétrica sobre o Rio Artibonete, no sul do Haiti", explica Hélvio Mariano.

Para ele, o Brasil deveria ter uma política para acolher os haitianos que aqui chegam e não fechar as fronteiras. Hélvio Mariano lembra que o Brasil não é único lugar procurado pelos emigrantes. "Eles também estão indo para Cuba e para os Estados Unidos. Querem sair para qualquer lugar. O que tem de ser feito,então, é criar condições para que os haitianos não precisem sair de seu país", defende.