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Matéria publicada no jornal Diário de Guarapuava, edição de 19/09, discute papel do Sindicato dos Técnicos da UNICENTRO no processo de greve das demais universidades

20 de Setembro de 2012 às 17:47:53

Sindicalismo na alcova

Alessandro de Melo

Semana passada presenciei uma cena das mais bizarras, algo que nunca imaginei ver, ainda mais como defensor que sou do sindicalismo combativo, de luta. Como poucos sabem os funcionários de algumas universidades do Paraná estão em greve, o que, claro, não é o caso da Unicentro, afinal o nível de conscientização aqui está mesmo abaixo da crítica. Não bastasse isso, os funcionários foram convidados a uma reunião em que o gestor maior da universidade passou uma hora dando os informes da greve no estado, assistido pelos "representantes" do sindicato local, que nada fizeram na oportunidade.

Esta cena me marcou e, como ainda sou filiado deste sindicato, tenho legitimidade para realizar a crítica, que claramente não se dirige ao reitor, que cumpria seu papel de apaziguar os funcionários, papel aliás muito bem preenchido pela capacidade política reconhecida que tem. A critica é dirigida ao sindicato, que assiste a uma cena destas e nada faz, apático como um cadáver no necrotério, ou passivo como um cão morto. Literalmente, o que o reitor fez foi chutar um cão morto, o sindicato. Foi uma cena deprimente.

Claro, esta crítica radical ao sindicato está nas bocas de todos quantos conversamos, mas é típico da crueza e imaturidade política deixar pra lá o sindicato, como se não fosse coisa nossa. O sindicato, nesta visão, é a direção, que a gente não sabe quem é, para além do presidente. Então tudo bem. A gente financia o sindicato com os descontos compulsórios mensais, mas não cobramos ou não nos interessamos pelo que a direção faz com este dinheiro.

Bom, o fato é que na Unicentro o sindicato tem jogado o jogo do patrão, como diz o outro. Não apoiou a greve, o que deixou contente a reitoria, mas colocou uma pá de cal a mais na inconsistência política do grupo que dirige. As discussões neste âmbito está aquém do corporativismo. Uma verdadeira lástima. O mesmo sindicato que não demonstrou interesse algum pela mobilização dos professores repete a apatia para com a classe que defende prioritariamente, embora quando somos incitados a nos filiar o discurso é o de defesa doa professores também. Risível.

A greve das federais, ao contrário, foi um grande avanço em termos de união entre funcionários e professores, quebrando uma histórica ruptura existente. Mas por aqui esta ruptura, que não passa de uma atitude infantil pré-corporativista, acaba se perpetuando. A pergunta que fica é a seguinte: até quando vamos alimentar passivamente este monstrinho sindical? Até quando vamos nos contentar com os bombons de fim de ano, quando tem? E, para mim especificamente, fica a reflexão: por que ainda sou filiado a este sindicato?