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Retrospectiva das lutas dos Docentes da Unicentro em 2015

12 de Janeiro de 2016 às 21:56:22

Logo no primeiro dia do conturbado ano de 2015, a Adunicentro  publica em seu site que o governo Beto Richa não havia realizado o pagamento do 1/3 de férias para oito mil docentes das IEES. Uma introdução representativa, para o que viria acontecer ao longo do ano.

Ainda nos primeiros dias do ano, entra em debate a MP 664, de 30 de dezembro de 2014, que viria por instituir novos critérios para a concessão de vários benefícios previdenciários, como auxílio-doença, aposentadoria por invalidez, auxílio-reclusão e pensão por morte, todos com restrições.

 

A proposta do “pacotaço”, que chegara à ALEP no dia 4 de fevereiro de 2015, tinha como intenção modificar resoluções acerca do sistema Paraná Previdência– em diálogo com o MP 664 –, do plano quinquenal de carreira docente, da autonomia universitária, entre outros aspectos. A mobilização foi imediata e ampla. Logo no dia 9 de fevereiro, a Adunicentro e outros sindicatos das universidades estaduais do Paraná reuniram-se em assembleias, e deflagraram greve por tempo indeterminado.

 

 

Ocupação da ALEP em 10/02/2015Na mesma data de deflagração de greve, as universidades estaduais organizaram diversas caravanas com destino à Curitiba, com o intuito de manifestarem-se contra o dito “Pacotaço” do governo Beto Richa. Sendo assim, no dia 10 de fevereiro, milhares de professores e estudantes, tanto das universidades quanto dos colégios estaduais e servidores, estiveram em manifestação no Centro Cívico de Curitiba, em frente à Assembleia Legislativa do Estado do Paraná – ALEP.Durante a manifestação, que o ocorria dentro e fora das galerias da ALEP, a multidão dos professores, estudantes e servidores vieram por ocupar a Assembleia com o objetivo de retomar um espaço público em favor da qualidade do serviço público e de direitos. Entre os ocupantes, estavam muitos membros da comunidade universitária da UNICENTRO. 

Uma das grandes vitórias da greve, advindas da ocupação da ALEP, ocorreu logo no dia 13 de fevereiro: o presidente da ALEP anunciou o fim do uso do ‘tratoraço’ (Comissão Geral) como método. Entulho do autoritarismo, o uso da Comissão Geral sempre resulta em tensão entre legislativo e sociedade.

Os estudantes da Unicentro, no dia 11 de fevereiro, organizaram-se em Assembleia, e deflagraram greve estudantil, com a luta por mais assistência estudantil sendo a pauta principal.

Durante este processo de manifestações na capital paranaense, a Adunicentro promovia um debate amplo e democrático, com Assembleias recorrentes, nos dias 12 e 19 de fevereiro, com o intuito de organizar-se a partir da base, designando os Comitês da greve.

Neste ambiente de luta, os comandos de greve docente e estudantil decidiram unificar-se, pautar pontos em comum.

No dia 02 de março, em outra Assembleia, os docentes da Unicentro decidiram pela continuidade da greve, com reivindicações mais específicas, após mudanças no pacotaço. No dias posteriores, docentes das IEES do Paraná reuniram-se com representantes da SETI para discutirem as pautas da greve, e definirem avanços nas negociações.

Numa das grandes vitórias da greve, dia 10 de março, o governador Beto Richa retira o decreto de autonomia universitária, que havia sido amplamente rejeitada pelas assembléias docentes.


No dia 11 de março, em assembleia, os docentes da Unicentro decidiram por retomar as atividades pedagógicas
, após várias vitórias contra as maldades do governo tucano. 

Ao fim do mês de março, o governo Beto Richa apresentou uma nova e problemática proposta de reforma da previdência dos servidores públicos. Novamente a categoria docente, através dos sindicatos, organizou-se em assembleias, para discutir a proposta, e os encaminhamentos a serem tomados.

Mesmo com as aulas retomadas, a organização da categoria docente da Unicentro, através da Adunicentro, não cessou. Em assembleia do dia 23 de abril, a categoria decidiu por retomar a greve, em contraponto à reforma da previdência.

 

 

No dia 27 de abril, segunda-feira, houve manifestações em frente à ALEP, em Curitiba, com a presença de professores e estudantes da Unicentro. Já na terça-feira houve ataques da tropa de choque da Polícia Militar aos manifestantes, com balas de borracha, gás lacrimogênio e spray de pimenta, além, claro, da truculência da PM.

 

 

 

 

E no dia 29 de abril – data da votação do projeto da previdência – os deputados estaduais estavam escondidos atrás de um aparato militar nunca antes visto contra civis. O governo Beto Richa, e seus aliados políticos presentes na ALEP, foram cúmplices do maior massacre à educação da história do estado do Paraná, e um dos maiores do Brasil. Uma manifestação organizada pelos sindicatos dos docentes, dos universidades, dos servidores, dos colégios estaduais, e de vários grupos de movimento estudantil, que chegou aos 20 mil manifestantes, na Praça Nossa Senhora de Salete (rebatizada agora, por Praça 29 de abril) foram massacrados, sob ataque aéreo e terrestre, pelo aparato militar absurdo colocado em “defesa” da Assembleia Legislativa. Violência absurda, para combater a educação e a organização dos servidores públicos.

No dia seguinte ao massacre, a categoria docente se reuniu em assembleia em Irati e Guarapuava para discutir os acontecimentos do dia 29, levando em conta os relatos de professores e estudantes da Unicentro que estiveram presentes no massacre, e discutiram também os rumos da greve, decidindo por continuá-la por tempo indeterminado, demonstrando organização contra a violência do governo. Nesta mesma assembleia, sob aprovação por mais de 95% dos docentes de ambos os campi da Unicentro os deputados que apoiaram o Governo Beto Richa no Massacre foram declarados personae non gratae na Unicentro, especialmente os Deputados Estaduais Artagão Júnior, Bernardo Carli e Cristina Silvestri.

Já no dia 05 de maio, ocorrera em Curitiba um ato nacional, em favor da democracia, contra a violência. Professores e estudantes da Unicentro novamente estiveram presentes a partir de caravana organizada pela Adunicentro.

No seguinte 06 de maio, a ADUNICENTRO enviou delegação do Comando de Greve Docente da UNICENTRO que, em conjunto com as demais seções sindicais do ANDES-SN, APP-Sindicato, Senadores, Deputados Estaduais e Federais do Paraná, representantes do Governo Federal, do Estado do Paraná e OAB participaram da Audiência Pública no Senado Federal, em Brasília para debater sobre a violência praticada contra professores, estudantes e servidores públicos do Paraná e sua repercussão internacional.

Na quarta-feira, dia 13 de maio, a Adunicentro convocou outra assembleia, para discutir a ParanáPrevidência, o projeto da DataBase, e os rumos da greve. Deste momento à frente, a DataBase, aliás, tornou-se o foco principal da pauta da greve docentes, solicitando o reajuste salarial de 8,17%, conforme inflação.

Outro tipo de organização recorrente durante as greves do serviço público no Paraná foram as reuniões do Comando Estadual de Greve, ocorridas em Curitiba, Maringá e Londrina. Nestas reuniões, os representantes da categoria debatiam as pautas, e indicavam encaminhamentos para a greve.

A contradição do governo estadual a respeito das reivindicações do Comando de Greve era recorrente. As seções sindicais do ANDES-SN nas IEES mostravam os dados que apontavam a disponibilidade das contas do governo em cumprir com a reposição da inflação.

Em assembleia, no dia 09 de junho, os docentes analisaram uma proposta da ALEP para a DataBase. A maioria presente não concordou com a dita proposta, e decidiu continuar a greve por tempo indeterminado

 

No dia 24 de junho, após encaminhamento de um projeto de reposição salarial, os docentes da Unicentro decidiram em assembleia retomar as atividades acadêmicas, suspendendo a greve. A análise do Comando Estadual de Greve sobre os longos 4 meses de greve, que sintetiza parte da luta contra o desmonte da educação pública pretendido pelo governo do PSDB no Paraná.

 

O governo tinha condições de cumprir com a data base,não o fez por decisão política para privilegiar o sistema financeiro.

 

A organização a partir das assembleias também não cessou. No dia 28 de julho, em assembleia, a Adunicentro tratou da prestação de contas do sindicato. Tendo ainda questões da carreira docente a serem discutidas com o governo, a categoria docente, reunida em assembleia indicou nomes para a mesa de negociação com a SETI. A mesa discutirá a formalização da proposta de Adicional por Titulação e mudanças no ingresso à classe de Professor Titular

 

Em outubro houveram reuniões abertas para discutir as propostas acima referidas sobre as propostas de ATT e ingresso à titularidade docente. http://adunicentro.org.br/novo/?p=7445.

No mês de novembro houve a mudança para a nova sede da Adunicentro, em instalações amplas e com melhor funcionalidade, para melhor atender a demanda dos docentes da Unicentro.

 

Entre os ataques contra a educação, que não pareciam sossegar em 2015, vários deputados considerados 'inimigos da educação' apresentaram a “PL da mordaça”. Proposta inconstitucional que previa punições para educadores(as) que, a partir de denúncias anônimas, sejam denunciados por “práticas de doutrinação política e moral”. Sombras da censura da ditadura militar que de tempos em tempos insistem em obscurecer a liberdade de expressão. A proposta apresentada no início do mês de dezembro já fora derrotada, sob protestos e organização da categoria docente. A reação da sociedade paranaense a mais uma tentativa de arbitrariedade acabou forçando os deputados proponentes a retirar o projeto de pauta.

 

Mas o governo Beto Richa ainda empreendeu os últimos suspiros no ataque à educação pública em 2015, forçando a UNESPAR e UNICENTRO a fechar as portas por tempo indeterminado e fazendo restar para 2016 a dúvida se teremos condições de abrir as portas.

 

Carxs professorxs

 

Desejamos a todxs, que 2016 seja um ano tranquilo para que possamos exercer nosso trabalho com a eficiência e dedicação que o povo do Paraná espera de nós. Entretanto, se a categoria docente for atacada em seus direitos e a Universidade Pública na sua concepção, os professores e professoras da UNICENTRO já demostraram sua força, seu valor e disposição para a luta.

 

FELIZ 2016

 

As imagens aqui colocadas procuraram representar os fatos mais marcantes do ano. Houve o envolvimento de muita gente em todos os acontecimentos e seria impossível fazer uma seleção de imagens que conseguisse, no texto, contemplar com exatidão todo o período. Havendo entendimento de que há ausências injustificáveis, basta encaminhar a foto para adunicentro@yahoo.com.br que ela será reproduzida neste espaço ou em galeria de imagens.