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A Rússia e o escudo antimísseis da OTAN. Nova corrida armamentista se delineia

26 de Novembro de 2011 às 22:34:15

Fonte: Voz da Rússia

Rodolfo Machado

Outro grande ponto de tensão, junto com a crise econômica que se alastra e a possibilidade de ataque israelense ao Irã , é a instalação do escudo anti-misseis da OTAN, algo que os EUA parecem não querer abrir mão e que tem desagradado profundamente a Russia, que agora começa a tomar medidas mais duras e radicais em relação ao escudo da OTAN.

A declaração do presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, expondo as medidas que a Rússia tomará por motivo da construção do sistema DAM dos EUA e OTAN na Europa coloca este problema em nova dimensão. Agora os países membros da Aliança do Atlântico Norte serão obrigados a considerar diretamente as possibilidades militares que Moscou tem. Trata-se, em particular, da introdução de estação de radar do sistema de advertência sobre ataque balístico na composição  de combate  em Kaliningrado e  equipamento de novos mísseis balísticos estratégicos russos com complexos promissores de superação da DAM e novos blocos militares de alta eficácia. Na qualidade de medidas ulteriores examina-se a possibilidade de instalar na região de Kaliningrado o complexo de mísseis Iskander que garante a destruição do componente europeu da DAM dos EUA. E apesar de o presidente Medvedev ter salientado em sua declaração aos cidadãos da Rússia que o diálogo com os EUA e a Aliança do Atlântico Norte no campo da DAM continuará - os passos enumerados por ele têm um caráter rígido sem precedentes para as relações mútuas da Rússia e Ocidente nos últimos vinte anos. Dá sequência ao tema nosso observador Piotr Iskenderov.

A Rússia apresentou uma série de iniciativas - desde a resenha conjunta das ameaças balísticas existentes e a criação de sistema setorial da DAM até a formação de sistema global único, capaz de defender todo o planeta de mísseis e diferentes ameaça do cosmos.

Entretanto todas as iniciativas da Rússia chocaram-se com uma reação gentil, mas inalteravelmente negativas dos EUA e OTAN. Em palavras prometeram à Rússia que o sistema criado não está voltado contra ela - mas se recusaram categoricamente a dar garantias jurídicas disto. Mais do que isso, Washington concluiu uma série de novos acordos com seus parceiros europeus. Eles prevêm a instalação de elementos móveis do sistema DAM de nova geração em amplo espaço da Polônia à Romênia e Turquia, e também em navios de guerra americanos no mar Mediterrâneo. Isto em todo o perímetro  oeste e sudoeste  das fronteiras russas, lembrou em entrevista à Voz da Rússia o diretor do centro russo de pesquisas sócio-políticas, Vladimir Evseev

Eu considero que a Rússia deve criar seu sistema nacional de defesa antimíssil. Pois o Ocidente evidentemente não aceitará dar garantir jurídicas. E sem garantias de que o sistema DAM não está voltado contra a Rússia, realmente é muito difícil falar de interação real. No entanto o processo de conversações deve continuar  para buscar novas possíveis soluções - inclusive no plano da troca de informações operacionais e verídicas, muito importante do ponto de vista da  pratica militar.

E o dirigente do centro de pesquisas sócio-políticas russo, Fiodor Chelov-Kovediaev vê na situação criada em torno da DAM um aspecto militar-tecnlógico importante - sobre o qual ele falou aos ouvintes da Voz da Rússia.

Eu considero que se trata de companhias americanas que se dedicam à elaboração de tecnologias militares e armamentos em geral que avaliam a DAM como nova etapa de desenvolvimento de tecnologias militares e obenção de novos recursos financeiros para elaborações tecnológicas. E estes recursos podem ser obtidos apenas do orçamento americano - como aconteceu na época das famosas guerras nas estrelas do presidente Ronald Reagan. Assim que nos lançaram um desafio muito mais sério do que propriamente a possível ameaça militar - um desafio tecnológico. Eu avalio a declaração do presidente Medvedev sobre a DAM justamente neste ângulo. Eu considero que ele quer estimular a indústria russa a elaboração e produção mais intensivas de novas tecnologias inovadoras, que possibilitariam à Rússia tornar-se mais moderna e em pleno sentido da palavra uma potência moderna e competitiva no mercado das tecnologias.

Anunciando as medidas militares em resposta, na Rússia ao mesmo tempo exortam a não aumentar as paixões. Segundo o representante permanente russo junto à Aliança do Atlântico Norte, Dmitri Rogozin, o presidente Medvedev encarregou os participantes das conversações a continuar as consultas com os EUA sobre a DAM até que Washington  não ultrapasse o ponto sem retorno. Sendo que a Rússia, segundo Rogozin, não admitirá nova corrida armamentista.